quinta-feira, 20 de setembro de 2012


“Você reclama tanto que ele promete e não muda e acaba fazendo o mesmo comigo.”

Eu não estou com ninguém. Ou melhor, estou. Com os vazios e os buracos. Estou com aquela ânsia de ir embora de casa quando completar dezoito anos; levar as bagagens e uma vida que nunca foi minha. Estou com aquela amargura de quem ama e não é correspondido; porque todos retêm a boca e as mãos já não escrevem sobre a dor. Estou com a palavra sozinho e fincada nela está meu peito. Estou no vento para ser levado para longe, para onde não encontrem meu rosto debilitado e abarrotado de emoção. Estou na ladeira prestes a descer e me quebrar na parede com espinhos. Estou no trilho do trem que passará logo em breve, mortificando meus ossos, esmagando meu ócio, destruindo qualquer sinal de paz. Estou com tristeza. Tristeza de quem abraça as pernas e engole a seco as lágrimas gritadas e inaudìveis, porque o mundo não pára e estamos morrendo por dentro uma morte surda. Estou em pedaços espalhados por aí, tal como essas letras sem vulgo algum. Não estou com ninguém pois estou em muitos. E há uma enorme diferença entre “com” e “em”.  


Vale a pena escrever para quem não compreende?

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